05/09/2013

Waldir Bronson, dos Quadrinhos à Animação

Olá tripulantes! Tudo bem?

Confiram a entrevista exclusiva concedida pelo artista intermídia Waldir Bronson que, este ano foi vencedor do Concurso Residência PONTO MIS, no Museu da Imagem e do Som de São Paulo com a animação Metrô: Até quando. Waldir nasceu em São Paulo e reside em Avaré, onde produz suas obras que percorreram o mundo.




M.R.G: Você faz parte de uma leva de artistas jovens brasileiros que vem despontando com uma arte versátil que transita entre o político e a metalinguagem. Como é produzir explorando diferentes linguagens, da xilogravura à HQ, da pintura a animação?

Waldir Bronson: Sou um artista que busca o contemporâneo, mas não nego o passado. Uma característica muito forte da arte contemporânea em geral é a imaterialidade, sempre buscando o conceito, negando e transpondo o fazer das artes plásticas. Nasci das histórias em quadrinhos, fui para o desenho, depois para a pintura, para a gravura e acabei na animação, tudo isso tem dois lados, pois tem aqueles artistas que seguem uma linha de trabalho e outros que mesclam as mídias. Quando se transita em áreas em diferentes fica difícil para o público ver uma identidade no trabalho, diferente daqueles que trabalham somente uma linha. Acredito que tudo é consequência, sempre quando faço uma xilogravura, ou uma animação agrego os valores das outras técnicas e dos outros conceitos também, hoje percebo que isso é uma característica minha.




M.R.G: Waldir Bronson. Pode falar sobre o "Bronson"?

Waldir Bronson: Rsrs... Pois é, na realidade tudo isso nasceu numa brincadeira minha. Sempre assinei como Waldir Rodrigues Filho, meu nome verdadeiro, mas o fato de ter participado de algumas exposições no exterior percebi que Waldir Rodrigues Filho era um nome muito longo e que "Bronson" seria mais aceito aqui e fora do país, até porque é um nome de origem inglesa. Mas é claro que me basei no ator americano Charles Bronson, no qual sou fã, meu pai sempre assistia os filmes dele, ainda quando criança e na fase adulta me tornei fã e resolvi fazer uma homenagem.


 

M.R.G: Um pouco de sua formação, considerando a experiência acadêmica e a experiência do cotidiano, exposições entre outras coisas:
 
Waldir Bronson: A formação Acadêmica é muito importante, pois solidifica e da razão ao fazer dum artista. Já vi diversos excelentes artistas que nunca pisaram numa sala de faculdade, entretanto para mim foi essencial, ser formar em Artes Plásticas e Pós-Graduar-se em Artes Visuais, assim fica fácil a ligação entre a teoria acadêmica, o cotidiano que é fundamental e o fazer. A realização de uma exposição é algo maravilhoso, acho que é a união de um trabalho e de um pensamento traduzido na arte, busco sempre lugares diferentes como a exposição Itinerante na Califórnia (EUA) com o grupo internacional Yo Soy 132, que une Arte e Luta Social, isso foi um grande passo.



M.R.G: Fale um pouco de suas referências:
Waldir Bronson: Falar de referências é difícil, porque ao longo da vida temos tantas e após um bom tempo percebemos quais foram verdadeiras e quais foram passageiras. Posso citar grandes mestres como Francisco Goya que tem um teor social muito intenso, na gravura busquei muito Oswaldo Goeldi e também a força e a acidez dos expressionistas alemães, como por exemplo Käthe Kollwitz. Os professores foram grandes referências, desde os primeiros, até grandes figuras como Hélio Barbosa da Silva, na pintura, o pintor e ilustrador Victor Wuo na época da faculdade, também George Gütlich na gravura e para finalizar Rubens Matuck, no qual tenho grande apreço e admiração. Hoje fazendo animação, tenho muitas referências, como Ralph Bakshi, Katsuhiro Otomo e o artista visual e animador sul-africano William Kentridge, que fez eu mudar totalmente a maneira de pensar Arte e ainda acreditar que existe espaço para o velho jeito de fazer arte.


  

M.R.G: Recentemente você foi selecionado para residência artística no MIS, Museu da Imagem e do Som de São Paulo. Fale sobre isto:
 
Waldir Bronson: Para falar a verdade foi uma surpresa, já que comecei fazer animação quase sem grandes pretensões, ser selecionado para o MIS, será algo inesquecível. Lá conheci o processo cinematográfico em sua essência, tendo contato desde o roteirista até a montagem final do filme. Tive a oportunidade de conhecer por exemplo os estúdios da maior produtora de cinema do Brasil a "O2 Filmes", onde produziram filmes como Cidade de Deus, Lixo Extraordinário e Ensaio para Cegueira. Tenho certeza que esta visão profissional diante do áudio visual terá grande peso em minha produção, lembrando que estou trabalhando num Curta-Metragem com apoio do MIS para 2014, esta fase de construção está sendo desafiadora. Quando se tem nomes como André Sturm, Di Moretti, Mirian Biderman, Cristina Araujo, Frederico Pinto entre outros que trabalharam em grandes filmes nacionais, como: VIPs, Tropicália, Carandiru, Faroeste Caboclo, entre outros, o peso é grande.




M.R.G: Uma frase para fechar a entrevista:
 
Waldir Bronson: Nunca desista do seu sonho, por mais impossível que ele seja, pois a maior arma para o impossível é a persistência.

M.R.G: Obrigado por, tão prontamente, nos atender.

Para conhecer mais sobre o assunto, visitem o site do artista: Waldir Bronson


Marcio. R. Gotland 
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