Arte e política? A grande questão é até onde uma pode intervir na outra. De tempos em tempos surgem os artistas-militantes, uns com uma linguagem satírica, outros explorando o trágico. No entanto, independente do humor típico das gravuras realistas do século XIX e que se mantém hoje nos cartuns, do humor desesperançoso do Dadaísmo, do trágico do expressionismo alemão, da arte-política direta e fatal dos artistas brasileiros da segunda metade da década de 60, estes artistas acreditam na arte reflexiva, na arte revelando as mazelas da sociedade. Uns descrentes com a humanidade, outros revelando até que ponto o “humanismo” pode ser desumano numa sociedade de classes.
No dia 23 de Setembro de 2006, artistas plásticos, alunos da Universidade Braz Cubas, entre eles Aline Baliberdin e Thiago Fernandes Castro realizaram uma intervenção urbana em Mogi das Cruzes. A intervenção “politicalha” não tem lado partidário, joga do lado do ceticismo, aflorando esteticamente o descrédito da sociedade com um sistema político carcomido. Utilizando da estratégia usada pelos candidatos políticos, os artistas inseriram as placas entre os militantes partidários provocando uma reflexão dos pedestres sobre o sistema eleitoral. Estaria o desejo do povo contemplado nas opções disponíveis nas urnas?
Tempos atraz Marinetti encontrara a beleza da guerra, uma estética do triunfo da máquina sobre o homem, a imagem cruel do homem destruindo o homem com sua sede de poder. No entanto, mais belo que a guerra é a manifestação popular, com suas bandeiras disformes e sua marcha desorganizada, onde o homem não precisa da sistematização da sociedade da guerra, precisa apenas de uma brecha, por onde sua voz possa ecoar entre os outros homens. Na mesma medida em que as imagens dos movimentos políticos e as manifestações sociais mostram-se estéticas, a arte assume sua função política.