Nossa pesquisa vem a algum tempo partindo de questões que surgem dos fenômenos ocorrentes no confronto com a arte, fenômeno este dialético no sentido em que os caminhos seguidos pelos artistas em suas produções nos provocam e inquietam. Colocam em um perigoso debate: um emaranhado de relações dialógicas que, num misto de prazer e tristeza, num cosmos enigmático de perguntas e sentenças, de verdades e mentiras, revelam e escondem o mundo. Propor uma outra conversa, a partir de nossos anseios e necessidades resultantes desse embate com a arte, tem sido nosso principal objetivo.
Marcio Rogério, Recorte da Babel. Xilogravura, pintura digital e adesivo. 64 x 94 cm, 2008
A reação provocada por nosso último trabalho, a série de pintura digital “Dialética da Beleza”, quando propomos um diálogo sobre a beleza a partir da Monalisa de Leonardo da Vinci, nos levou a questionamentos sobre o suporte e a materialidade na contemporaneidade, que afloram das possibilidades que as novas tecnologias apresentam ao artista.
Marcio Rogério, Gioventù, Pintura Digital, 2008
Um recorte da Babel de Bruegel é representado na xilogravura, registro de tradicionais sulcos da goiva e cortes da faca sobre a matriz, da mão do homem como extensão da ferramenta que transforma a natureza. E sobre esta impressão, a colagem de uma pintura digital não resolve a questão, pelo contrário, amplia ainda mais o debate.
2009© Marcio R. Gotland