Bom dia tripulantes! Tudo bem?
Vamos conversar sobre arte? Que tal falarmos sobre o poder da arte de revelar a real face dos homens? Acompanhem o artigo:
Toulouse-Lautrec e Paul Gauguin
Na segunda metade do séc. XIX, Paris, a jóia da Europa vive a Belle Epoque, um período em que a paz estabilizava as relações entre a França e seus vizinhos. Nesta Paris iluminada, onde estas luzes tão impressionantes provavam que a França vivia o máximo da modernidade. Paris era a Cidade Luz.
Essa cidade era o local preferido pelos artistas e intelectuais do mundo, entre eles, um Oscar Wilde, de cabelos dourados retratado por Lautrec e que causara alvoroço na cidade. Era a cidade do Impressionismo, da Art Nouveau, do romance, dos bordéis de Montmartre, das primeiras “stars” dançarinas de can can. No entanto, toda esta beleza atrelada a pompa e ao luxo não pôde esconder a verdadeira face das pessoas, dos locais obscuros de Montmartre, e o grande fotógrafo-pintor desta “beleza sem artifícios” foi Toulouse-Lautrec.
Henri de Toulouse-Lautrec não estava interessado na sanidade da vida ao ar livre, estava interessado na beleza e na feiura que provém da vida noturna, o próprio Henri se tornou um viciado em absinto, um notívago e um boêmio. Gilles Nerét justifica a homenagem que o cineasta Frederico Fellini fez no seguinte trecho:
“Ele gostava dos homens e das mulheres, das duras e das verdadeiras, das magoadas. Desprezava as bonecas empoadas porque detestava a hipocrisia e o artifício mais que todos outros vícios. Era simples e verdadeiro apesar da sua fealdade ...”
“[...] detestava o “beau mode” e achava que as mais belas flores nasciam nos baldios e nas lixeiras...”
Mas existiram aqueles que fugiram da Paris moderna, buscaram em lugares primitivos o que esta cidade não podia lhes oferecer. Entre estes está outro gênio: Paul Gauguin. Ele queria mais que revelar a verdadeira face do ser humano, como tentou Toulouse-Lautrec, Gauguin buscava o homem primitivo, em sua fase “animal”, ele buscava dentro de si mesmo “a alma índia”.
Gauguin se empenhou em uma busca de si mesmo para se revelar através da pintura, viajou muito, presenciou atmosferas diferentes, respirou outros ares, e mostrou que, ainda que o homem conquiste todos os espaços, o mais inacessível deles está circundado por um grande paradoxo: Tão perto e tão longe! Assim é a essência do próprio ser, afinal, no mais distante está o homem interior.
Arte e Revelação
No entanto a sociedade não está preparada para se reconhecer da forma como os artistas a apresentam, por isto, alguns artistas são considerados de vanguarda, ou seja, estão a frente de seu tempo, como se a cada dia ficasse provado que o objetivo de sua produção não é tirar a sociedade contemporânea da alienação e sim mostrar as gerações futuras que a sociedade nunca está preparada para ser ver na arte em sua forma mais real.
Toulouse-Lautrec não só fez isto, ele também avançou tecnicamente, este artista era, sobretudo, um experimentador, ele inovou em seus cartazes e estas inovações foram exploradas pela indústria da publicidade, uma modalidade que se desenvolveu muito a partir do séc. XX.
Se Lautrec experimentou técnicas e materiais, Gauguin escolheu as cores como seu campo de experimentação, buscou a intensidade das cores, suas cores “puras” influenciaram uma geração de artistas, dentre eles os Nabis, Fauvistas e até os Cubistas. Henri Matisse levaria as últimas conseqüências técnicas como o cloisonismo, introduzidas por Gauguin.
Artistas como Lautrec e Gauguin são exemplos de que o homem jamais viverá sem a arte e seus artistas, pois, eles revelam a face real do homem, não aquela cheia de beleza, cheia de luz, parisiense, construída com a maquiagem do artifício, mas, a nua e crua, dos recônditos sujos de Montmartre, que volta todas as noites quando o homem se recolhe em seu quarto, logo após ter se abraçado com a imundície do mundo.
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Obrigado e até o próximo post!
Marcio. R. Gotland
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