07/11/2013

Fábio Moon e Gabriel Bá: De degrau em degrau é que se constrói a história


Olá tripulantes! Tudo bem?

Estou de volta e desta vez com "novidades". Será? Não! Melhor mudar para "raridades" e claro, no bom sentido! Estava eu olhando no meu "baú" de coisas "dropadas" durante o tempo e me surpreendi com nada mais, nada menos, que três fanzines de 1994 assinados por Fábio Moon e Gabriel Bá, além de nomes que se tornariam igualmente respeitados como o do João Prado.

Bom, comecei a frequentar eventos de quadrinhos em 1999, logo, não me lembro como elas foram parar em minha singela coleção de fanzines, fato é que no ano 2000 eu me aventurava como fanzineiro, e por um tempo, participei de uma verdadeira maratona de eventos, onde trocava, vendia e comprava fanzines. Em outra ocasião falarei mais sobre meu passado e os fanzines.




Roteiristas, quadrinistas e coloristas participantes nos créditos da contracapa (Imagem acima).

O post trata de três revistas, as três primeiras edições do fanzine Ícones. Para este que escreve, um respeitador assumido da história dos quadrinhos no Brasil e para quem os fanzines não devem ser deixados à margem de qualquer levantamento histórico, foi uma oportunidade de conhecer um pouco da trajetória de dois artistas premiados e conceituados. Por outro lado, trabalhos como estes, produzidos nos primeiros anos de carreira de um artista, hoje respeitado por sua história, servem como impulso para os que dão seus primeiros passos.


A grande lição é: todo e qualquer artista, principalmente dos quadrinhos no Brasil, passou, passa e passará por dificuldades e se especializa em pular obstáculos de todo o tipo para chegar em um lugar de conforto. E no caso dos irmãos, a história de vida deles nos mostra que persistência e esforço é o caminho para a conquista. No Ícones nº 2, para citar um exemplo, os autores publicaram duas cartas com críticas que, para uma pessoa sem estrutura, significaria o fim de uma carreira de sucesso. Entretanto, além de exporem as tais críticas na própria revista, eles ainda responderam como muito humor e humildade. Citarei um exemplo:

Em um dos trechos da carta de um leitor encontra-se a crítica, ao meu ver, extremamente desrespeitosa e em nada construtiva: "...a qualidade da sua revista, em termos de "Hardware", é indiscutível. Algo que qualquer cara que desenhe ou roteirize quadrinhos gostaria de ter para expor seus trabalhos. O problema é que esta qualidade está sendo jogada no lixo..." Palavras deste tipo derrubariam muita gente. E acredito que esta não foi a única, nem a pior crítica que os autores do fanzine receberam. E há quem acredite que "troll" é coisa nova!

A resposta foi igualmente surpreendente, com educação e humildade os autores replicaram: "A única coisa que podemos lhe dizer é que a vida é uma escada que temos que subir (ou descer?) degrau por degrau." E com humor, aproveitaram o fato do dito leitor terminar sua carta com "Beijo a todos." A resposta foi: "Agora, esse negócio de beijo... Não sei não. Sua namorada não vai ficar com ciúmes?"

 

Como todos sabem, subindo degrau por degrau, Fábio Moon e Gabriel Bá foram construindo sua história, e, talvez não saibam, mas, é espelho para muitos que estão chegando ao primeiro degrau.


A revista Ícones número 1 foi publicada em Agosto de 1994, com capa de Gabriel Bá, com dezoito anos na época. No miolo em preto e branco, encontra-se cinco histórias, entre elas "O livro dos Sonhos" de Fábio Moon, que dialoga com a fantasia; "Paladino" com arte de Daniel Vardi e arte-final de João Prado, com dezesseis anos na época, e "Gabro 583" de Gabriel Bá, uma ficção científica e espacial.



A segunda edição foi publicada em setembro do mesmo ano, com capa de João Prado e cores de Gabriel Bá. A terceira edição não possui indicação de ano na contracapa, apenas o mês de março na capa e a indicação de 1994 na primeira história e possui capa de Fabio Moon com cores de Twins. As histórias são as mesmas do primeiro número. Fato é que, observando sequencialmente, nota-se uma importante evolução no traço do Fábio Moon e do Gabriel Bá que já tem algo do atual traço, principalmente a maneira de trabalhar a sombra e luz.


Vale destacar a qualidade do texto e as citações, o que mostra uma preocupação na construção do roteiro. Já na primeira página da primeira edição, no inicio da HQ de Fabio Moon O Livro dos Sonhos, há uma citação do poeta Walt Whitman: "Camarada, isto não é um livro. Quem o toca, toca num homem."



Por fim, o que os gêmeos quadrinistas encontraram nos degraus acima não é segredo para ninguém: Em 1999, cinco anos depois, até 2006 encheram suas estantes de troféus HQ Mix e do Prêmio Ângelo Agostini, em 2008 veio o Eisner Awards, Harvey Awards, prêmios recebidos novamente em 2011 e muitos outros.

Portanto meu caro amigo, quando os obstáculos causarem desânimo, não desista, olhe para a escada a sua frente e diga: "De degrau em degrau, conquistarei meu lugar!"



Aos amigos que têm acompanhado e visitado o blog, peço que sigam, curtam e indique para os amigos.
Obrigado e até o próximo post!


Marcio. R. Gotland 
Curtam minhas páginas no Facebook: MRGotlandArts e Ilustradores e Escritores
Sigam-me no Twitter: @MRGotlandArt
E façam uma visitinha ao meu Deviantart: mrgotland

Você poderá gostar também:

Direitos Autorais: Vamos conversar sobre o assunto?


Comentários
3 Comentários

3 comentários:

Falcon Sensei disse...

Fanzine é legal. Que bom que você tem alguns
Pareceram bem interessantes
abraços

Milton Kennedy disse...

Cara, que bacana esta postagem. Também já fui fanzineiro (anos 80). Na ocasião editava o Franzine Além da Imaginação. Franzine com R mesmo, pois ele era uma homenagem ao ao arquiteto Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
Grande abraço, saúde, boas leituras e paz interior.

Marcio R. Gotland disse...

Verdade Thiago, fanzines são interessantes por darem maior liberdade aos autores.
Obrigado Milton Kennedy, legal saber disso, depois vou conferir seus trabalhos com zines.

Postar um comentário